O cheiro ruim que exala do projeto de construção do novo aterro sanitário de Campina Grande próximo a pequenina e indefesa (?) Puxinanã já incomodava entidades e associações em defesa do meio ambiente. Mas foi quando chegou ao Poder Judiciário que o fedor da operação suspeita inspirou a juíza Adriana Maranhão da Silva, da Comarca de Pocinhos, a determinar, em caráter liminar, o imediato o fechamento do local e a interrupção da colocação dos resíduos sólidos no aterro.
Não por menos. Além de desrespeitar as normas ambientais, conforme fica claro em pareceres da Sudema, o projeto de construção do Novo Aterro Sanitário e algumas figuras que dele participam exalam tudo, menos confiança.
No parecer, a juíza identifica uma das maiores aberrações: o projeto indica que Puxinanã fica próximo a regiões costeiras, ou seja, no litoral, mesmo estando a mais de duzentos quilômetros do mar. E sabe por que indica? Porque ele é uma cópia, uma xérox do projeto de João Pessoa, usada apenas pra atender a demanda de documentos, feito às pressas, sem o cuidado de tirar nem as diferenças das regiões.
Um deboche dos responsáveis com as autoridades paraibanas.
"Nada soa mais inverossímil do que conclusão do engenheiro responsável, no que tange ao estudo da geologia local, no sentido de que a cidade de Puxinanã estaria situada em "região geológica denominada de 'planícies costeiras', formada por processo de sedimentação de marinha, que se estende nas zonas baixas, de topografia plana na região litorânea nordestina", diz a magistrada.
Além da ´malandragem´ implícita no projeto, que foi concebido sobre um terreno de propriedade da família do prefeito de Puxinanã, Abelardo Coutinho, há riscos de contaminação do açude que abastece a cidade e ainda incapacidade de receber dejetos de Campina Grande.
O projeto do aterro foi elaborado para o recebimento do lixo proveniente de uma população de 40 mil habitantes, mas ainda recebe dejetos de Campina Grande, que tem população superior a 400 mil habitantes, revela a juíza ao Jornal da Paraíba.
O deputado federal Romero Rodrigues (PSDB) foi um dos primeiros a denunciar os indícios de sujeira que acompanhavam o novo aterro sanitário de Campina Grande. AO defender o projeto, o prefeito Veneziano Vital do Rego declara que realizou um desejo antigo do povo campinense, dando um cheirinho de alfazema ao aterro.
Mas a fedentina que está por debaixo do projeto é mais forte. O Poder Judiciário parece que já identificou que será preciso passar essa história a limpo. Antes que fique impossível respirar ar puro.
Luís Tôrres
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