A prática política revela que, muitas vezes, mais dolorosa do que a ação do adversário é a omissão do aliado. Não é possível, portanto, que o ex-governador Cássio Cunha Lima ainda não tenha sentido, cortando-lhe a espinha, o incisivo silêncio do senador Cícero Lucena quanto à demora do STF em concluir o julgamento do seu processo.
Presidente do PSDB da Paraíba, primeiro secretário do Senado Federal e amigo de Cássio, o senador Cícero Lucena não fez uma referência sequer da tribuna do Congresso sobre a nota do PSDB Nacional, assinada por Sérgio Guerra, cobrando agilidade do Supremo. Neste assunto, aliás, Cícero Lucena é um túmulo.
Cristão convicto, Cícero prefere silenciar quanto à via crucis do amigo. Essa cruz, como diria Simão de Cirine, o tucano não teve vontade de carregar.
É o mesmo Cícero, inclusive, que espera de Cássio Cunha Lima, com ou sem mandato de senador, apoio irrestrito a sua candidatura a prefeito de João Pessoa nas eleições de 2012.
Tanto quanto Cícero quer voltar à prefeitura da Capital Cássio quer assumir mandato de senador. Imagine se Cássio, a exemplo do amigo, decidir silenciar quanto ao pleito de 2012 em João Pessoa?
Claro que o silêncio de Cícero quanto ao STF tem razão de ser. Entre o colocar o dele na reta e o de Cássio, ele prefere se omitir. Réu em ação penal por fraudes em licitações, Cícero Lucena não pode nem deve levantar uma sobrancelha sequer contra o Supremo.
A não ser que ele já esteja inocentando das acusações que pesam contra ele. Aí, não tem problema cobrar algo do STF. Não é?
Luís Tôrres
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